domingo, maio 17

Anjos e Demônios

As férias se aproximam e com ela uma enxurrada de filmes de verão (dos EUA, é claro!). Hora dos estúdios ganharem um “trocadinho” com algum arrasa quarteirão - que neste ano atende pelo nome de Anjos e Demônios, baseado na obra de Dan Brown.

Os ”blockbusters” - como são chamados – geralmente não são bem vistos pela crítica, mas convenhamos, são os melhores no quesito diversão! Mas será que “Anjos e Demônios” vale a pena, visto o fiasco que foi o Código da Vinci? Prepare-se para uma crítica cinematográfica-literária-ideológica.

Tudo começa com um novo problema que nosso personagem Robert Langdon terá que solucionar. Desta vez os Illuminati tentam provar a superioridade da ciência sobre a religião. Com reviravoltas, perseguições e pistas a desvendar, o filme segue a mesma premissa do Código da Vinci, mas com grande evolução, principalmente na parte técnica.

Os desenhos, explicações didatizadas e movimentações oníricas de câmera, que transformavam o Código da Vinci num livro ilustrado filmado saem de lado, dando lugar para uma narrativa firme, com foco na história e não nas demasiadas explicações, tornando-o um filme com cara de filme.

Elementos extremamente importantes nesta nova caracterização do filme foram, acima de tudo, o roteiro, a trilha sonora, a direção e a edição.

O roteiro está mais enxuto, dando importância ao que é importante e os diálogos estão menos literários, se comparados ao antecessor.

A trilha sonora está espetacular, dosando com cautela todas as emoções do filme, cabendo à ela sustentar sozinha algumas cenas, que no mínimo seriam ridículas.

A direção está segura, optando por ângulos muito bem enquadrados e criando situações que até mesmo os leitores do livro se surpreendem. E apesar do ritmo frenético da história a edição também se sustenta, salvo uma ou outra tentativa de criar ação onde não há.

Méritos adicionais para a ambientação do vaticano e demais igrejas, onde a equipe foi proibida de filmar. No começo alguns elementos de computação gráfica 3D e cromaqui soam bem falsos, mas no decorrer do filme você se acostuma.

Entretanto, apesar da visível evolução, o filme ainda não emplaca como deveria. Não culpa do filme em si, mas de sua origem. Existem certas histórias que foram feitas para ser lidas, e sem dúvidas, o estilo de Dan Brown se enquadra aqui. São informações demais, reviravoltas extremas e situações que funcionam em nossa imaginação literária, mas num filme zombam de nossa inteligência.

Ao meu ver, Dan Brown é um cara extremamente sortudo. Ele consegue tamanho sucesso porque mexe com assuntos misteriosos e polêmicos, mas suas histórias não passam de um amontoado de informações, curiosidades e referências emendados numa mesma linha de raciocínio. E quando digo “mesma linha de raciocínio” quero dizer “mesma” mesmo!

Em Anjos e Demônios um senhor que possui um “segredo” morre, e uma linda mulher, parente sua, se junta a Langdon atrás de pistas para resolver um mistério que tratá conseqüências para toda a humanidade. Enquanto isso um superior manda seu comparsa fanático realizar seus planos. Lembrou-se de outro filme dirigido por Ron Howard, com Tom Hanks no elenco? Pois é.

E as demais referências do autor, que serviriam para valorizar a história e os personagens, se tornam grandes clichês. Podemos perceber, acima de tudo, no personagem. Robert Langdon é um herói caricato. Langdon tem claustrofobia e possui um relógio do Mickey. Vejamos: o super-homem tem fraqueza à criptonita e usa um óculos; ou o Indiana Jones, que tem medo de cobra e possui um chapéu. Parece uma fórmula infalível, mas apenas nos 2 últimos casos ela tem alguma utilidade.

Temos ainda o caso de Vittoria Vetra, personagem do filme. Inicias VV, assim como Lois Lane, ou Lex Luthor, ou Mulher Maravilha (Wonder Woman), ou Peter Parker, ou Dare Devil (Demolidor).

Referências à quadrinhos, cinema, arte, religião, etc. Enfim, Dan Brown bebe de diversas (mas diversas mesmo!) fontes que nem sempre se harmonizam, tornando tudo muito superficial.

Mas qualidades literárias a parte, essas curiosidades e a estreita ligação de ficção e realidade prendem a atenção, e se há uma coisa que Dan Brown sabe fazer bem, é isto!

Finalizando, vamos a parte ideológica da crítica.

Por mais que se diga ao contrário, parece que a Igreja católica ainda não aprendeu com seus erros. Abaixo 3 pontos que gostaria de apontar:

  1. Todos sabem que boicote não funciona, apenas aumenta a expectativa. É preciso saber dividir ficção da realidade e orientar seus fiéis a respeito. A Disney faz filmes sobre deuses pagãos, e porque ninguém fala nada? Porque é um desenho, e fica claro que se passa em outra realidade, outra cultura, uma ficção. Simples.
  2. Rituais, mistérios, segredos, tradição, sobrenatural. A Igreja vive disso, e isto gera curiosidade. Já era hora de ter aprendido a conviver com eles.
  3. O mais importante. O livro e o filme, apesar de parecer o contrário, falam extremamente bem da Igreja. Mostra a importâncias de seus rituais, a importância dos fiéis, da fé e de uma instituição que oriente. No livro, fica bem claro, a anti-matéria é criada para provar a existência de Deus na criação. Pena, a Igreja poderia usar tudo isto a seu favor.

Recapitulando: livro mediano, filme mediano. Pelo menos valeu o valor mediano do meu ingresso.

Ah, só para constar, Tom Hanks sempre será o Forrest Gump; o carinha que toca teclado com a música do “danoninho”; ou o Wood de Toy Story, mas Robert Langdon definitivamente ele não é!

10 comentários:

Arthur disse...

Deixa eu tentar resumir o que eu acho que você tentou falar do Dan Brown. Acima de tudo um pesquisador (ou não, segundo algumas coisas que eu ouvi a mulher dele que é a historiadora), mas um escritor bem mediocre. Só que ele sabe usar as "deixas" nos finais de cada capitulo, como numa novela. Diria que ele é um oportunista.
E Daniel, além desses Tom Hanks ainda é Chuck (naufrago), Andrew (aidetico do filme "Filadélfia"), o Paul (espera de um milagre), entre outros. Como você eu vejo esses dois filmes como vergonhosos para uma filmografia tão boa.

gUST disse...

Bom, eu gostei do filme (tirando todos os aspectos tecnicos) pelo fato de abordar um tema tão incomodo e recluso como a corrupção da Igreja.Acho que a sociedade precisa estar a par das movimentações religiosas incorretas (mesmo que no caso o filme seja uma ficção).
Mas só corrigindo o daniel, a história de anjos e demonios se passa ANTES de O código da vinci (da pra perceber isso mesmo sem ter lido os livros, pois, no Código, Robert Langdon inaugura seu livro, o que nao seria possivel sem que ele conseguisse a 3 livreto de Galileu que ele ganhou do vaticano como agradecimento...
E você afirmou que O Codigo da Vinci foi um fiasco... bom em termos de valores o filme bateu o recorde de arrecadação em uma estreia (U$ 224 mi); alem de recorde de faturamento estrangeiro e 2 lugar em faturamento nos EUA. O filme foi orçado em 124 mi.

Anônimo disse...

Concordo com todos vocês. Eu suprimi algumas informações pq a crítica já tava mto grande. hehehe

Pois é gUST, isso que Dan Brown faz bem! Ele sabe escolher os assuntos de seus livros,é instigante. E como o Arthur falou, ele deixa pontas nos finais do capítulo, deixando vc com vontade de ler o proximo.

Quanto à temporalidade, o livro se passa ANTES do código da Vinci, mas o filme se passa DEPOIS. Por questão até mesmo didática (e de faturamento), afinal é fácil convencer um público que já tem familiaridade com a história. Além disso, existem diálogos no filme que mostram uma "recente relação de Langdon com a Igreja", referindo-se ao código.

E Sim. O Código bateu recordes de faturamento. O fiasco aqui é cinematográfico, apontado pela crítica e público.

Andressa disse...

nao sei se concordo ou discordo. So sei q gostei. rsrs.

Angelo Fontes disse...

Senhor Daniel, hiper crítico nessa trama do Anjos e demonios, só te corrigindo, os comentarios a respeito de Langdon com a igreja são citados no proprio livro, essa relação dele com a igreja já existia, no filme dá a entender que faz relação ao Código, mas isso só quem nao leu o livro é que vai supor isso.

Não acho o Dan um oportunista, diria que ele é um escritor que sabe escolher temas bons e polemicos que chame a atenção do publico. Já li todos os quatros livros que ele escolheu, e digo que são muito bons por sinal, tramas bem elaboradas.
Agora discordo completamente quando vc diz que o Tom não é Robert, nesse filme ele nao atua lá com muita empolgação, mas no codigo, sim, digo que o Tom é Robert longdon.

Anônimo disse...

Esclarecimentos ao Ângelo:

1. A rixa de Langdon com a Igreja já existia pela briga de religião e ciência. Langdon é um acadêmico cético, não sendo bem visto pela Igreja, só isso. Como a Igreja vai pedir ajuda a uma pessoa assim?

2.No filme cita obviamente o código, numa RECENTE (eu disse RECENTE) ligação de langdon com a igreja.

3. Eu não falei que Dan Brown é um oportunista, o Arthur falou.

4. Eu disse exatamente isso que você falou: "ele sabe escolher temas bons e polemicos que chame a atenção do publico."

5. As tramas podem até ser bem elaboradas, mas os 4 livros dele seguem a mesma linha de raciocínio, em todos você já sabe o q irá acontecer no inicio (um homem encontra uma mulher pra resolver um prolema); meio (desvendam pistas contra o tempo); e final (quem era aparentemente bom é o vilão). Pronto!

5. Atuação é questão de percepção e gosto. Muito subjetivo. Não há como discutir. Mas, na minha opinião nem a caracterização dele ficou boa, que cabelo é aquele? Depois a gente faz uma enquente sobre isso, vamos ver quem ganha! Heheheheheheheheh...

Arthur disse...

E continuo dizendo oportunista e limitado.
Agora um filme que me parece que vai ser bom, de um verdadeiro escritor Arthur Conan Doyle, vai ser o Sherlock Holmes. Pelo menos é o que eu espero com Robert Downey Jr e Jude Law (que não é lá grandes coisas mas...) nos papeis de Sherlock e Mr Watson. Olha o Trailer aí:
http://www.youtube.com/watch?v=uUH4GQkFGSs

Anônimo disse...

Esse promete Arthur!

Robert Downey Jr. está numa excelente fase e quer provar que voltou de vez! E Guy Ritchie (diretor) é o cara! Os filmes dele são muito bons!

Arthur disse...

Guy Ritchie é fantástico realmente, conheci ele a pouco tempo com Porcos e Diamantes. Filmaço, depois disso vi alguns outros dele que também são muito bons.

Andressa Miranda disse...

eu qro ver!!! agora vcs vão me esperar, seus fominhas?!!!